Olá pessoal, na primeira postagem desta série sobre alergia comecei falando que alergia não é o corpo em alerta, mas sim um "bug" no sistema. Neste post vou mostrar uma das principais teorias que explica como se dá este "bug" que acaba por gerar respostas desmedidas e exageradas a agentes inofensivos.
Se você é pai ou mãe de uma criança pequena, já deve ter ouvido falar na vitamina S (uma brincadeira com “sujeira”). Os defensores da “substância” dizem que faz bem, pois ela ajuda a fortalecer o sistema imunológico. Será mesmo verdade ? Existe algum senão ?
Vamos falar sobre a TEORIA DA HIGIENE, teoria formulada na década de 90 por cientistas europeus e que tem encontrado respaldo em diversos outros estudos recentes.
Por essa teoria, a exposição insuficiente aos micróbios do ambiente durante a formação da imunidade nos primeiros anos de vida estaria implicando em um desenvolvimento ruim do sistema imunológico e favorecendo a existência de doenças alérgicas e autoimunes.
Esse conceito tem como pilar de explicação a figura acima, e que explicarei adiante. Fato é, que ao longo de décadas, o que se tem notado é uma prevalência crescente de alergias na população, e tal PREVALÊNCIA É MAIOR QUANTO MAIOR É O ESTADO DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL, ECONÔMICO E DE SANEAMENTO das populações estudadas.
Passo agora a explicar a figura inicial deste post.
Mais a direita na figura, a resposta do sistema de defesa no caso de exposição a um número maior de micróbios, e a esquerda na figura poderíamos pensar em superproteção, com ausência de exposição, o que alguns chamariam de criança de apartamento que "empina pipa no ventilador".
No contexto da direita, esta criança se expõe mais ao sol, aumentando seu nível de vitamina D, testa as texturas e sabores colocando objetos e alimentos variados na boca por iniciativa própria - próprio dos bebês - favorecendo a exposição das células de defesa presentes no trato gastrintestinal. Além disso, ainda tem mais contato com bactérias diversas, o que termina por estimular maior produção de glóbulos brancos do tipo Th1 e linfócitos T reguladores da imunidade - ambos importantes para a maturidade do sistema de defesa e NÃO produtores de mediadores inflamatórios que induzem a presença de histamina no sangue; substância química responsável por gerar vermelhidão, espirros, inchaço, coceira, entre outras reações.
No contexto da esquerda, uma criança superprotegida, que brinca pouco em espaços abertos, tendo níveis de vitamina D mais baixos no sangue, que tem pouca exposição a bactérias, com variabilidade muito baixa de experimentação, o que induz pouca maturidade do sistema de defesa pois o mesmo é pouco testado, e portanto adquire pouca memória e não aprende a distinguir o que é nocivo do que é irrelevante. Neste contexto o sistema de defesa desvia sua produção de glóbulos brancos para o tipo Th2, linfócitos produtores dos mediadores que induzem a liberação de HISTAMINA, substância química relacionada às reações alérgicas.
Fazendo uma analogia com o ser humano, quanto mais passamos por provações na vida maior então seria a nossa maturidade.
No entanto, é importante ressaltar que a Teoria da Higiene não defende a falta de higiene ou o retorno a condições insalubres. A higiene continua sendo fundamental para prevenir a propagação de doenças infecciosas, desde a gripe até as verminoses letais. Em vez disso, a teoria enfatiza a importância de encontrar um equilíbrio entre a exposição a microrganismos necessários para o desenvolvimento do sistema imunológico e a adoção de práticas adequadas de higiene e prevenção de doenças.
Isto posto, precisamos então usar o complexo vitamínico "BS" - bom senso. Expor crianças ao ambiente natural, sobretudo se houver pouca interferência do homem, é importante, sim, mas não significa permitir que, por exemplo, coloquem a boca na mesinha do avião ou passem a mão no corrimão do metrô, locais com alo índice de contaminação de doenças.
Ou seja....
A teoria da higiene NÃO QUER DIZER que devemos a partir de agora expor nossos filhos a todo tipo de microorganismos, buscando desenvolver maturidade do sistema de defesa para que o mesmo saiba distinguir o que é nocivo do que é irrelevante.
Mas QUER DIZER que um pouco de parcimônia é importante, quando nós pais:
- tivermos grande receio de que a criança brinque com outras crianças na brinquedoteca.
- cogitarmos não colocar na escola por medo de infecções.
- ficarmos muito preocupados porque a criança gosta de brincar com terra.
- ficarmos preocupados se brincam no chão.
Tendo sempre em mente que nada em excesso é bom, e que experimentação faz parte da vida, faz parte do alcance da maturidade, seja nas questões da emoção ou seja no mundo microscópico do sistema de defesa do nosso corpo.
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